Medicamentos inicialmente voltados para o tratamento do diabetes tipo 2 demonstraram benefícios significativos na saúde feminina, especialmente durante o climatério e a menopausa
Foto: Envato
Conhecidos por seu efeito no controle do peso e no tratamento do diabetes tipo 2, os agonistas do GLP-1 — como os medicamentos semaglutida (Ozempic e Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro) — vêm sendo apontados como promissores aliados da saúde ginecológica. Estudos recentes indicam que essas medicações podem ter impactos positivos em condições como síndrome dos ovários policísticos (SOP), resistência à insulina, sintomas da menopausa e até na prevenção de doenças cardiovasculares em mulheres.
“O GLP-1 é um hormônio intestinal que regula o apetite e os níveis de açúcar no sangue, mas seus benefícios vão muito além disso, especialmente para as mulheres”, afirma Alexandra Ongaratto, médica especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil. “A medicina está começando a entender como esses medicamentos podem ser úteis para condições hormonais e metabólicas que afetam diretamente a saúde feminina”, cita.
SOP, menopausa e peso: uma conexão importante
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) afeta cerca de 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que 6 milhões de mulheres convivam com essa condição. Entre os sintomas estão irregularidade menstrual, acne, excesso de pelos e, muitas vezes, dificuldade para engravidar. O sobrepeso e a resistência à insulina costumam agravar o quadro.
“A resistência à insulina é um dos pilares da SOP, e os agonistas de GLP-1 ajudam a reduzir esse problema”, explica Alexandra. “Além disso, auxiliam na perda de peso, o que impacta diretamente na melhora dos ciclos menstruais e na fertilidade dessas pacientes.”
A médica também aponta que muitas mulheres perimenopáusicas ou na menopausa enfrentam ganho de peso e alterações metabólicas difíceis de controlar. Nesses casos, o uso de agonistas de GLP-1 pode contribuir não apenas com a balança, mas também com a regulação hormonal.
“Na menopausa, o metabolismo desacelera, há um aumento da gordura abdominal e muitas mulheres se sentem frustradas por não conseguir emagrecer com dieta e exercício. Esses medicamentos oferecem uma nova possibilidade de abordagem, inclusive com potencial para melhorar sintomas como ondas de calor, embora mais estudos sejam necessários”, completa a médica.
Impacto cardiovascular e prevenção
Outro benefício dos agonistas de GLP-1 é a redução do risco cardiovascular, que se torna especialmente relevante após a menopausa, quando as mulheres perdem a proteção natural dos hormônios estrogênicos. De acordo com o Ministério da Saúde, doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres brasileiras.
“Esse efeito cardioprotetor, associado à perda de peso e ao controle da glicose, coloca os agonistas de GLP-1 como uma estratégia de saúde preventiva em mulheres de alto risco, mesmo que ainda não tenham diabetes diagnosticado”, ressalta a médica.
Uso deve ser supervisionado
Apesar das promessas, o uso de medicamentos como Ozempic e Wegovy deve ser feito com cautela e sempre sob orientação médica. O uso off-label, ou seja, fora das indicações aprovadas, ainda é comum e precisa ser discutido individualmente, com avaliação dos riscos e benefícios.
“Não é uma solução mágica, e os efeitos colaterais existem. Náuseas, constipação e possíveis impactos em outros sistemas do organismo precisam ser acompanhados. Mas com acompanhamento adequado, essas drogas estão se mostrando ferramentas importantes na saúde da mulher”, conclui Alexandra Ongaratto.
Instituto GRIS
O Instituto GRIS tem como compromisso priorizar o bem-estar e a saúde feminina. Sediado em Curitiba, é pioneiro como o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, agregando as mais avançadas tecnologias para o cuidado da saúde íntima feminina. Seu enfoque abrangente e especializado combina inovação e dedicação, ajudando as mulheres a assumirem o protagonismo em suas jornadas de saúde.
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