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O retrato oficial de Bill Clinton esconde uma sombra, a de Monica Lewinsky

No retrato oficial do Presidente Bill Clinton para a National Portrait Gallery norte-americana está escondida uma referência ao escândalo Monica Lewinski. Mais de uma década depois de ter terminado a pintura, o artista Nelson Shanks revela que incluiu uma sombra à direita daquele que considera “o mais famoso mentiroso de todos os tempos” - uma sombra do infame vestido azul da ex-estagiária da Casa Branca que simboliza o escândalo de infidelidade do então Presidente que quase levou ao seu afastamento do cargo.
Bill Clinton está de pé junto à lareira, mão na anca e sem a sua aliança de casamento visível – algo que já em 2006, quando o retrato foi revelado publicamente, gerou controvérsia. Sobre a lareira e à direita da figura do membro do Partido Democrata, uma planta está parcialmente coberta por uma sombra que cai depois junto à lareira. Bill Clinton foi Presidente dos EUA entre 1993 e Janeiro de 2001. O retrato foi pintado em 2001 e, segundo o seu autor, não foi do agrado do casal Clinton – Bill e Hillary, que é uma potencial candidata à corrida pela presidência dos EUA em 2016.
Nelson Shanks, que é autor de outros retratos oficiais presidenciais para a National Portrait Gallery como o de Ronald Reagan e que pintou também a princesa Diana ou o Papa João Paulo II, disse ao tablóide local Philadelphia Daily News que pôs “uma sombra que entra na pintura e que faz duas coisas: representa literalmente a sombra de um vestido azul que eu tinha num manequim presente enquanto pintava, mas não quando ele [Clinton] estava lá. Também é um pouco como uma metáfora, no sentido em que representa uma sombra na sua presidência, ou nele”.
O pintor, de 77 anos, explicou ainda que o tema  estava sempre presente no seu trabalho. “Nunca consegui tirar a coisa da Monica completamente da minha cabeça e está subtilmente incorporada na pintura”, disse ao jornal norte-americano, referindo-se ao escândalo em torno do caso que o então Presidente teve com a estagiária da Casa Branca. E que ficou em parte simbolizado pelo vestido azul e manchado de Lewinsky, amplamente discutido durante o processo de impeachment do Presidente por perjúrio e obstrução à justiça.
“Eu estava ciente de que era um vestido azul”, disse Shanks à NBC News na segunda-feira, “e que tinha um certo eco, digamos assim, de uma história de que estamos ao corrente”.
O pintor descreve ainda que Clinton não estava à vontade ao posar para o retrato – “oh, estava petrificado” -, ainda que o ex-Presidente tenha dito no passado que o artista fizera “um trabalho maravilhoso”. “A ideia era ser subtil e acho que é subtil. Quer dizer, estou de certa forma a fazer documentos históricos”, disse ainda Nelson Shanks, desta feita à ABC News.
O retrato em causa integra a colecção da National Portrait Gallery de Washington, mas não se encontra exposto ao público. É um de 55 retratos de Clinton que estão no museu e que rodam entre si regularmente. “Os Clinton odeiam o retrato. Querem-no retirado da National Portrait Gallery. Estão a pressioná-los muito” nesse sentido, insistiu o pintor na mesma entrevista ao jornal de Filadélfia – que detalha que contactou o museu e que a sua porta-voz negou que tal fosse verdade.  
O crítico de arte do diário britânico The Guardian Jonathan Jones, que critica os elogios feitos ao pintor na sequência da revelação dessa referência ao escândalo na obra em causa, descreve Shanks como "um artista profundamente conservador" em termos estéticos.

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