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O cinegrafista Santiago Andrade é apenas mais um, pois: O Brasil é o terceiro país que mais assassina jornalistas

(Vladimir Herzog, Santiago Andrade e Tim Lopes)
Por:Walter Brito

A lista de assassinatos de jornalistas, cinegrafistas e repórteres fotográficos é extensa no Brasil e a morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade, certamente irá simbolizar a luta de uma classe importante para a sociedade, que não tem proteção alguma, para o exercício pleno da honrada profissão de jornalista. Outro dia em entrevista para o programa Conexão Brasília, comandado pelo jornalista e apresentador de TV Clayton Aguiar da Rede Brasil, ele nos perguntou sobre a liberdade de imprensa em nosso país. Foi oportuno para eu falar de minha própria experiência inclusive, quando fui ameaçado e atacado por diversas vezes, dentre as quais tive dois automóveis arrombados nas eleições de 2008 e 2012, respectivamente em uma cidade da região metropolitana de Brasília. Levei os suspeitos às barras da justiça, entretanto, nada aconteceu de concreto para punir os culpados, aliás como ocorre com 70% dos assassinatos e ameaças contra jornalistas em nosso país.

Os algozes dos jornalistas perseguidos continuam ameaçando, sempre na tentativa de calar a imprensa que tem a obrigação de registrar a notícia, muitas vezes por meio de denúncia de corrupção, tráfico de drogas, coberturas de guerras, denúncia de grupos extermínios, manifestações populares, e notícias de um modo geral, muitas vezes envolvendo até segredos de família e o rentável mundo esportivo.

Tive oportunidade de observar esses acontecimentos por onde trabalhei como: Brasília, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Cuiabá e Manaus. Por falar na capital manauara, recentemente o dublê de deputado e lutador de Jiu-Jitsu, Ricardo Nicolau, quase matou o publicitário e safenado Mário Correia Júnior, esposo da vice-presidente do jornal A Critica de Manaus. O deputado que é suspeito de desviar recursos da assembleia legislativa do estado justificou o motivo de seus golpes certeiros que deixaram Mário Júnior, carioca radicado no Amazonas há 30 anos, em estado lastimável, oportunidade em que se preparava para pegar um avião no Aeroporto Eduardo Gomes em Manaus, que o levaria a São Paulo, com o objetivo de fazer uma revisão de cirurgia recente, que o obrigou a colocar duas pontes de safena. O caso corre em segredo de justiça.

Só para citar outros casos antigos e recentes, de assassinatos de jornalistas no Brasil, começo pelo caso ocorrido no dia 21/07/2011, quando foi assassinado o jornalista Auro Ida de 53 anos, morto no bairro de Jardim Fortaleza na região do Coxipó da Ponte em Cuiabá. Ida era um dos mais experientes setoristas da cobertura dos bastidores da política mato-grossense e colunista do site Olhar Direto. Outro caso foi o do Luciano Leitão Pedrosa, jornalista da Rádio Metropolitana e apresentador do programa Ação e Cidadania na TV Vitória, assassinado em Vitória do Santo Antão, em Pernambuco, no dia 09 de Abril de 2011. No dia 12/02/2012 foi assassinado o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues de 51 anos em Ponta Porã no Mato Grosso do Sul, ele foi atingido por nove tiros e era editor-chefe de um jornal e um site. No dia 08/03/2013 em Ipatinga em Minas Gerais, foi assassinado o jornalista Rodrigo Neto, conhecido por desvendar crimes praticados por grupos de extermínio no Vale do Aço no leste de Minas Gerais. O repórter fotográfico Walguinei Assis Carvalho, de 43 anos, foi covardemente assassinado no dia 14 de Abril de 2013 no Vale do Aço em Minas Gerais. O jornalista Roberto Lemos 45 anos foi morto em Nova Iguaçu na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro, no dia 11 de Junho de 2013. Ele era diretor e filho do dono do jornal Hora H. Roberto denunciava irregularidades em algumas prefeituras. O jornalista Décio Sá foi assassinado no bar da Avenida Litorânea em São Luiz, Maranhão, no dia 23 de Abril de 2012.

Em fevereiro de 2013 a blogueira e jornalista cubana, Yoani María Sánchez Cordero, que denuncia os desmandos da política administrativa em seu país, veio ao Brasil e por onde andou foi questionada e atacada por militantes ligados ao Partido dos Trabalhadores – PT. Ela pretende lançar um livro sobre suas aventuras em terras brasileiras. Dentre os casos mais famosos de assassinatos de jornalistas no país, se encontram os seguintes: Vladimir Herzog, Iugoslavo e naturalizado brasileiro, foi assassinado em São Paulo no dia 05/10/1975, quando foi torturado até a morte no DOI-CODI em São Paulo, durante o regime militar. O jornalista da TV Globo Tim Lopes, foi assassinato no dia 2 de Junho de 2002, quando investigava narcotraficantes, como jornalista da TV Globo no Rio de Janeiro. O jornalista Mário Eugênio foi assassinado, supostamente por ordem do secretário de segurança do DF em 1984, ao denunciar o Esquadrão da Morte na capital brasileira.

Em 2012 ocorreram 132 assassinatos de jornalistas no mundo, quando o país que mais matou foi a Síria com 31 assassinatos; seguido pela Somália com 16 assassinatos; Paquistão com 8 assassinatos; México 7 assassinatos; Brasil 5 assassinatos. Em 2013 o Brasil foi terceiro país que mais assassina jornalista no mundo, ficando atrás no primeiro trimestre, apenas de Paquistão e Síria. A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), informou que o primeiro jornalista assassinado em 2014, trata-se do colega paquistanês Shan Odhor, repórter do canal de notícias "Aaab TAK News". A morte de nosso colega Santiago, ocorreu de forma sui generis, pois se deu pelo lançamento de um rojão, cujo suspeito pela fatalidade foi o auxiliar de serviços gerais Caio Silva de Souza. Certamente por detrás da simplicidade do suspeito, existem outros assassinos ocultos, que a justiça brasileira precisa desmascarar.

Esperamos que o Congresso Nacional coloque em debate discussão sobre lei que melhore de forma efetiva a atuação dos jornalistas em nosso país. Como se vê, a perseguição contra aqueles que fazem a notícia, o tornam protagonistas da própria notícia, tal qual na época do regime militar.

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