BRASÍLIA - Para fortalecer a posição do vice-presidente Michel Temer e acalmar o PMDB, a presidente Dilma Rousseff pretende promover mudanças nos cargos de direção das estatais do setor elétrico, como Furnas e Chesf. Segundo interlocutores palacianos, dirigentes indicados pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que encerra seu mandato em fevereiro, serão trocados por indicados de Temer. Os cargos que eram da cota do PSB nessas empresas e estão ocupados por interinos deverão ser oferecidos ao governador do Ceará Cid Gomes (PROS). De olho na rebelião da base, que mandou um recado esta semana inviabilizando a votação da alteração da meta do superávit fiscal e na tentativa de se reaproximar do PMDB e demais partidos aliados, a presidente se encontrará, na próxima segunda-feira, com líderes dos partidos governistas na Câmara e no Senado para detalhar os espaços de cada um na Esplanada.
Dilma quer reverter insatisfações com a reforma ministerial e nas estatais e garantir o apoio da base aliada à proposta da mudança da meta fiscal de 2014, que precisa ser aprovada na terça-feira, no Congresso. Na última quarta-feira, a base parlamentares governista não compareceu à sessão. A ausência foi generalizada, com destaque para PMDB e PT. O encontro de Dilma com os aliados será às 18h de segunda-feira, no Palácio do Planalto, segundo assessores da Secretaria de Relações Institucionais.
Além do enfraquecimento político de Sarney, que sai de cena com a aposentadoria, o governo não digeriu a suposta traição do senador ao votar no candidato da oposição à Presidência, Aécio Neves (PSDB). Com as trocas, a expectativa é que o Planalto terá o apoio incondicional de pelo menos 20 deputados, que são fiéis ao vice-presidente. Nas contas do governo, 20 deputados do partido votam com a oposição e o restante, de acordo com a conveniência.
INSATISFAÇÃO COM LOBÃO
Há também insatisfação com a atuação do ministro Edison Lobão, ligado a Sarney, à frente do Ministério de Minas e Energia. Lobão é citado por Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras), que foi preso na Operação Lava-Jato e participa do processo de delação premiada. O governo avalia que há um vácuo na pasta, responsável pela supervisão da Petrobras e das subsidiárias da Eletrobras.
Segundo uma fonte, o Planalto se ressente da falta de apoio do ministro à presidente da Petrobras, Graça Foster, nas ações internas para investigar as denúncias de desvio de dinheiro e corrupção na estatal. O mesmo estaria acontecendo com o presidente da Eletrobras, José da Costa, nas medidas para organizar as contas da estatal e suas subsidiárias.
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Por isso, há uma torcida para que a ministra do Planejamento Miriam Belchior seja a substituta de Lobão por comandar o PAC, turbinado pelos investimentos do setor elétrico. Mas, ela deve assumir mesmo a presidência da Caixa Econômica Federal. Segundo uma fonte, a presidente é pragmática e deverá indicar para o ministério alguém que possa reforçar a base aliada no Congresso.
Ontem, caciques do PMDB avisavam que é preciso que Dilma resolva os problemas políticos rapidamente ou a proposta de alteração do superávit não será votada novamente.
— Ela tem que avaliar a situação até terça ou quarta-feira — disse um aliado.
Fonte: O Globo
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