BRASÍLIA - Candidato à presidência da Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), chamou de “alopragem” a veiculação de notícias a respeito de seu suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Em plena campanha para a disputa pelo comando da Casa, Cunha apareceu nesta terça-feira em Brasília para falar sobre as acusações, um dia após um advogado do caso ter negado sua participação no escândalo.
– Eu diria que isso é uma alopragem e essa alopragem foi desmoralizada. Tentaram criar um constrangimento para minha candidatura com denúncias falsas, vazias, com o intuito de beneficiar outras candidaturas. E foi um tiro na água e de festim – disse o deputado.
Ontem, Antônio Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef, afirmou que seu cliente “nunca entregou dinheiro” ao deputado Eduardo Cunha. Basto disse que apresentará petição à Justiça Federal do Paraná esclarecendo o fato. Segundo ele, o doleiro deverá depor sobre o assunto quando for convocado, o que ainda não aconteceu.
Na semana passada, foi publicada a informação de que Cunha foi citado na Operação Lava-Jato em depoimento do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como “Careca”. Segundo reportagem da “Folha de S.Paulo”, o deputado é suspeito de ter recebido dinheiro do esquema através de “Careca”, que trabalharia para o doleiro Alberto Yousseff. A Procuradoria Geral da República, responsável por determinar ou não a abertura de inquérito, informou que ainda não recebeu o depoimento. O deputado negou as acusações e as atribuiu a adversários.
Nesta terça-feira, Cunha refutou uma possível fuga de votos para sua candidatura devido à citação de seu nome. Para o deputado, a “solidariedade” dos colegas deverá turbinar sua votação.
– O efeito é positivo para minha candidatura, por causa da revolta dos que assistiram isso. Só encontro solidariedade e revolta. Acho que ganhei muitos votos entre aqueles que estavam indecisos por causa dessa denúncia vazia e tenho certeza que outras candidaturas perderam votos com isso – afirmou Cunha.
O deputado disse ainda que prefere não nominar o autor do vazamento por não querer atribuir culpa sem provas. Mas, mandou o recado de que irá tomar providências a respeito.
– Vou tomar muitas atitudes, mas não quero misturar o processo eleitoral com as atitudes. Mas pode ter certeza que não vou deixar esse assunto barato. Vou buscar os responsáveis por essas alopragens estejam onde eles estiverem – ameaçou.
Eduardo Cunha disse ainda que o fato da votação para a Presidência da Câmara ser secreta irá ajudá-lo:
– Só posso ser beneficiado por traição. Já vi trair a esposa, trair a amante não vi ainda – disse.
Apesar de não citar nomes, o deputado criticou o que classificou como tentativa do PT de obter hegemonia tanto no governo, quanto no Congresso.
– Acho que o PT se isolou dentro do Parlamento há muito tempo e há um sentimento não anti-PT, mas anti-hegemônico. A hegemonia do PT no Poder Executivo os deputados não querem no Legislativo. Não adianta o PT agora querer vender que é independente, que tem a cabeça erguida, porque pode erguer a cabeça, mas baixa o corpo. Ninguém vai convencer que eles não são submissos ao governo, o discurso vai cair na água – disse Cunha.
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