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Justiça bloqueia bens e quebra sigilos bancário e fiscal de Bethlem e de Jorge Felippe



RIO — A Justiça determinou, nesta terça-feira, o bloqueio dos bens do presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe (PMDB), e a repatriação do dinheiro de supostos desvios feitos na gestão de Rodrigo Bethlem, do mesmo partido, à frente da Secretaria municipal de Assistência Social (2010-2012). A decisão foi tomada a pedido do Ministério Público (MP) estadual, que investiga um esquema de corrupção atribuído ao ex-secretário, que foi genro de Felippe.

O juiz da 3ª Vara de Fazenda Pública, Alexandre de Carvalho de Mesquita, decretou ainda a quebra do sigilo bancário das contas do presidente da Câmara, de Bethlem, de Pedro Henrique Mayrink e de empresas como Scolette Group Inc., Romero Development Inc. e Ranchester Estates Limited. Segundo o MP, as empresas, com sede no Panamá e nas Ilhas Virgens britânicas, teriam sido usadas no esquema. Mayrink movimentava as contas da Scolette, da qual Bethlem admite ser procurador, embora negue ter movimentado recursos. De acordo com a revista “Época”, a conta dessa empresa estaria vinculada a um cartão de crédito utilizado pelo ex-secretário em 21 de fevereiro de 2012 em Zurique, na Suíça. Segundo a revista, na ocasião, Bethlem teria gasto US$ 7.800 na Beyer Chronometrie, revendedora de relógios Rolex.

Bethlem era deputado federal pelo PMDB e desistiu de tentar a reeleição, em julho do ano passado, após a divulgação de uma gravação feita por sua ex-mulher, Vanessa Felippe. Na conversa, ele diz ter recebido dinheiro de convênios feitos com a secretaria que comandava. Na mesma gravação, admite ter uma conta na Suíça.

PAES DIZ QUE COMETEU UM ERRO

Segundo o “RJ-TV”, da Rede Globo, o MP também teve acesso ao passaporte que Bethlem usou para abrir uma das contas na Suíça. Além disso, também teria sido localizada uma conta em nome de Felippe. De acordo com a investigação do MP, em abril de 2011, o presidente da Câmara teria recebido US$ 154 mil de um banco americano. O dinheiro teria sido repassado para a Scolette Group, a mesma que tem Bethlem como procurador. No entanto, Felippe alega que a conta foi fechada em 2011 e que o único depósito feito nela foi estornado pelo banco.

Na tarde desta terça-feira, o prefeito Eduardo Paes disse que cometeu um erro ao nomear Bethlem como seu secretário. Além da Assistência Social, ele comandou as pastas da Ordem Pública e de Governo na gestão de Paes. O ex-secretário também coordenou a campanha do prefeito em 2012. Paes disse que vai ampliar as investigações de irregularidades na prefeitura.

— Na hora em que você nomeia uma pessoa para uma função pública e ela pratica um desvio, é um erro que se comete. Todos nós estamos sujeitos a isso. O problema é insistir no erro. Não vamos passar a mão na cabeça nem ser coniventes com quem desvia dinheiro público. A prefeitura já entrou com as ações competentes aqui na cidade do Rio, no Fórum da capital, e vamos até a Suíça para recuperar esses recursos para o município.

Em entrevista ao GLOBO na noite desta terça-feira, Bethlem quebrou o silêncio que vinha mantendo sobre o caso. Ele voltou a negar as acusações sobre a existência de contas em seu nome na Suíça. O ex-secretário disse que o dinheiro pertence a Mayrink, de quem aceitou ser procurador.

— Aceitei ser procurador porque ele (Mayrink) é como um irmão para mim. Quis ajudá-lo, já que somos amigos de infância. Esses recursos são dele e são de origem lícita — disse Bethlem.

O ex-secretário, no entanto, não quis responder sobre os gastos de US$ 7.800 num cartão de crédito vinculado à Scolette Group, segundo a “Época”. Ele reconheceu que já visitou a Suíça, mas disse que não pode confirmar as datas da viagem, já que não teve acesso aos autos do processo. Bethlem afirmou ainda que blefou na gravação em que diz que tem conta Suíça e que ganhava R$ 85 mil por mês desviados de um contrato de R$ 9,7 milhões.

O advogado de Jorge Felippe, Ary Bergher, informou que entrará com um recurso, nesta terça-feira,pedindo a anulação da decisão da Justiça. Ele alega que não existe amparo jurídico para o bloqueio dos bens, porque o vereador nunca fez remessas para o exterior.

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