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Cleber Pires incentiva empresariado entrar na política |
Por: Walter Brito
Em Brasília, quando foi inaugurada em 1960, a discussão de seus interesses
se dava de forma muito forte na Associação Comercial do Distrito Federal -
ACDF. Como a capital brasileira não tinha eleição político-partidária, como temos
hoje, após o advento da Câmara Legislativa do DF, para deputados distrital e federal,
senador e governador, a política era discutida de forma incipiente. Nesse
período da história, os embates eleitorais que movimentavam o processo
democrático na Cidade-Estado se davam nas instituições consolidadas como: Iate
Clube de Brasília, OAB/DF e Associação Comercial do Distrito Federal, entre
outros poucos segmentos organizados da sociedade brasiliense. Na ACDF, as
discussões se davam de forma acalorada, pois era a maior referência da
discussão econômica e empresarial, com foco na política nacional e os
principais problemas que afligiam a capital brasileira.
Neste sentido, o grande timoneiro da ACDF foi, sem dúvida, o empresário Lindberg
Aziz Cury, que faleceu no dia 2 de dezembro de 2016. A ACDF
permitiu muitos avanços na capital brasileira e ajudou a consolidar Brasília
como capital do País. Entrevistamos nesta reportagem o empresário Cleber Pires,
atual presidente da ACDF, que lamentou o falecimento do amigo Lindberg Cury e falou
sobre sua importância para o Distrito Federal. O empresário fez um rápido balanço
sobre sua administração na ACDF e opinou sobre o governo Rodrigo Rollemberg.
Cleber Pires teceu comentários também sobre sua participação na criação da
Cidade do Automóvel e elogiou com letras garrafais a trajetória
política de Joaquim Domingos Roriz. Ao final, o empresário incentivou o empresariado
a tomar as rédeas da administração pública nos quatro cantos do Brasil.
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O presidente da ACDF diz: que até os adversários do Roriz têm saudades de seus governos
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ENTREVISTA
Fale sobre o ex-senador Lindberg Cury, que nos deixou em 2016.
“Perder Lindberg Cury certamente foi perder um pedaço de mim. Eu fiquei sem
chão quando ele faleceu, pois Lindberg foi meu grande amigo, uma reserva moral, política e empresarial
no Distrito Federal, além de ser um exemplo para todo o nosso País”,
disse.
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Cleber falou sobre sua amizade com o saudoso Lindberg Cury |
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O saudoso ex-senador Lindberg Cury |
Pedimos para o presidente da ACDF analisar as gestões de Joaquim Domingos
Roriz, que comandou o GDF por quatro mandatos:
“Entendo que Brasília e o
nosso Brasil devem muito ao gestor Joaquim Roriz. Em seus quatro mandatos
ele mudou pra valer a vida das pessoas, especialmente as mais humildes, que
vieram para ajudar a construir nossa cidade. Muitas dessas pessoas foram
jogadas nas favelas, à época espalhadas pelo Plano Piloto e outras
localidades. Ele construiu diversas cidades e abrigou esse povo. Foi sem
dúvidas um governador que humanizou a capital brasileira. Depois de suas
administrações, até seus adversários têm saudade de seus governos. Portanto,
foi uma administração que deixou marcas positivas no DF e se refletiu no
Brasil. Roriz foi duramente criticado pelos seus adversários, por atrair pessoas
de outros estados que vieram para ajudar a acabar de construir Brasília, quando
a cidade foi efetivamente consolidada como a capital de todos os brasileiros.
De peito aberto e cabeça erguida, Roriz
combateu seus adversários e fez o que tinha que fazer. Foi de fato um grande
gestor. Entendo, ainda, que o bom administrador tem que ter atitudes e decisões
rápidas. Roriz deixou por meio de seus governos boa referência de gestão para
todos nós brasilienses de nascimento e coração”, arrematou Cleber Pires.
Cleber Pires foi o responsável pela criação da Cidade do Automóvel durante o
governo Roriz. Pedimos para ele falar sobre o seu trabalho na ocasião:
“Todo e qualquer dirigente
tem que ser audacioso e muitas vezes precisa enxergar o futuro. A Cidade do
Automóvel hoje é uma realidade em Brasília. Contudo, durante sua criação
eu tive todo tipo de problema, inclusive ameaças de morte feitas por alguns de nossa
área comercial. Hoje todos estão felizes da vida com a Cidade do Automóvel, e
suas atividades são vitoriosas. Além disso, nós revitalizamos e criamos um novo
polo de desenvolvimento na Asa Norte, pois mudaram de lá para a Cidade do Automóvel 179 empresas do ramo automobilístico.
No lugar das referidas empresas se estabeleceram outras de variadas
atividades, que deram vida nova ao comércio daquela área importante da capital federal”,
disse o presidente da ACDF.
No que diz respeito à Associação Comercial do Distrito Federal, quais
foram suas principais ações?
“Assumimos a direção da ACDF
com o firme propósito de mudar para melhor a nossa importante instituição. No
meu plano de ação, listei três bandeiras fundamentais: A Mobilidade, o Desenvolvimento
Econômico e o apoio à Segurança Pública. Na área da Segurança Pública, o governo
Rodrigo Rollemberg comemorou, pois em 2016 não teve nenhum homicídio no Setor
Comercial Sul, graças à parceria da ACDF com o poder público.
Por outro lado, em 2015 ocorreram oito homicídios. É importante ressaltar
que no momento em que
assumi a direção da ACDF, eu disse aos membros do governo e aos meus
pares, em nossa instituição, que se não conseguisse resolver os
problemas no quintal de minha casa, que é o Setor
Comercial Sul, eu me sentiria um homem derrotado. A nossa parceria com o
governo deu certo, quando foi retirada de nossa região no SCS a turma do
crack;
combatemos também de forma forte a prostituição; os camelôs foram
retirados e
foi feita com muita eficiência a poda das árvores. A iluminação pública
no SCS
foi realizada como nunca tinha sido feita nas últimas décadas.
Portanto, nós conseguimos mudar de forma considerável a vida das pessoas que
transitam diariamente pelo Setor Comercial Sul. Desta forma nós trabalhamos
cada ponto de nosso plano de ação e o nosso compromisso assumido no
comando da ACDF. Tenho o sentimento do dever cumprido até agora. Nesta linha
continuaremos até o último dia de nossa gestão”, argumentou Cleber Pires.
O poder público sob o comando do governador Rodrigo Rollemberg está
no caminho certo?
“Entendo que o homem público
tem que ter visão de futuro, como eu já me referi nesta entrevista. O homem
público precisa pensar no amanhã e no povo, mas não no próximo mandato e numa possível
reeleição. Com todo respeito que tenho pelo governador Rodrigo Rollemberg, que
é meu amigo pessoal, eu entendo que ele precisa tomar algumas atitudes
imediatas e dar um choque de gestão na sua administração, que necessita
urgentemente de, pelo menos, gerar expectativa de melhora para o povo. O
empresário de Brasília hoje está desiludido, ao ver 1480 empresas encerrarem
suas atividades somente no exercício de 2016, o que é uma preocupação muito
grande, pois os números não mentem! Acredito firmemente que as pessoas que
estão à volta do governador trabalham pensando única e exclusivamente na
questão pessoal. Entendo ainda que para Rollemberg chegar bem posicionado
ao ano de 2018, que é um ano eleitoral, o governo precisa trabalhar muito e de
forma correta no ano de 2017 que principia”; orientou Cleber Pires.
Questionamos o presidente da ACDF sobre a crise financeira que assola
alguns estados. Perguntamos:
A crise financeira chegou
efetivamente ao Distrito Federal? Ele nos respondeu:
“Eu analiso com muita
tristeza a dita crise econômica no Distrito Federal. Cheguei ao DF há 40 anos e
aqui passei muitas dificuldades; dificuldades de um menino simples que chegou
aqui com o propósito de vencer na vida. Superei todos os obstáculos que
apareceram em minha frente, e não foram poucos. Acredito, do alto de minha experiência
de quatro décadas na capital brasileira, que a nossa crise em Brasília não é financeira
e sim de gestão! Eu não posso admitir, de forma alguma, que o Distrito Federal
venha a ser comparado com outros estados e cidades em crise financeira. Aqui nós
temos o Fundo Constitucional cujas cifras são altíssimas. A finalidade é cuidar,
com muita tranquilidade, de Segurança Pública, Educação e Saúde Pública. Repito:
nós não podemos comparar a nossa situação com nenhum estado brasileiro. Vale
lembrar que hospedamos em Brasília os componentes dos poderes da
República e mais de 200 embaixadas de países estrangeiros. O Distrito Federal é
diferenciado e tem a maior renda per capita do País e o maior PIB.
Não podemos admitir, ainda, o que ouvi em alto e bom som do empresário Paulo
Octávio, ao dizer para o governador Rollemberg, publicamente, que há três
anos ele aguarda a aprovação de um projeto para a construção de um
shopping no Gama. O referido projeto terá um investimento de 200 milhões de
reais. Imaginem o que é isso para uma Região Administrativa como é o Gama! Trata-se
de uma região carente de empregos, especialmente na área da construção civil. O
shopping terá mais de 150 lojas, e enquanto isso as pessoas clamam por uma área
de lazer. É uma região em que faltam salas de cinema, por exemplo, e as pessoas
não têm sequer um local adequado para se
encontrar. A meu ver, o governador teria que determinar a sua equipe,
imediatamente, tomar providências para o caso. Em seu lugar, eu daria 90 dias
para minha equipe encontrar uma solução. Se tiver pendências no projeto, que
sejam sanadas. Sabemos que um investimento de 200 milhões de reais, certamente,
permite a fomentação daquela região, gerando empregos e receitas para
Brasília”, ensinou o empresário.
Perguntamos a Cleber Pires sobre os resultados na administração daquela
instituição. Ele respondeu:
“Dirigir a ACDF, de fato, é
uma grande escola na minha vida, e aprendo muito a cada dia. A Associação
Comercial do Distrito Federal é a casa do povo. É também uma escola importante
para a formação de líderes e empresários. Daqui saíram muitos e muitos nomes,
que representam de forma importante e
estratégica o setor produtivo do Distrito Federal”, completou.
Questionamos o presidente da ACDF sobre a eleição de João Doria Júnior para a
prefeitura de São Paulo. Ele argumentou de forma opinativa, quando mandou
um recado para os empresários:
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Pires foi criador da Cidade do Automóvel |
“Vejo com muito
otimismo a eleição do Doria em São Paulo. Quero aproveitar a oportunidade e parabenizá-lo
por meio desta reportagem, pela audácia e a coragem de ajudar São Paulo e nosso
País. Observo com muita atenção que, na maioria absoluta da conversa entre
todos os segmentos da sociedade,
quando se fala em política, se diz que todo político é ladrão! Eu sou obrigado
a discordar desse bordão, pois temos alguns nomes que são referência nacional e
até internacional e sem nenhuma mácula. São poucos, mas temos, por isso
precisamos valorizar com muito cuidado e sabedoria os nomes disponíveis. Temos
que ter coragem agora e seguir o exemplo do empresário Doria em São Paulo.
Entendo que é de fato o momento do empresário, que é o verdadeiro gestor! Este
é o responsável pelo desenvolvimento social e econômico de nosso País.
Portanto, temos também de administrar de forma correta e profissional o tributo que pertence ao povo. Eu
deixo aqui uma pergunta para reflexão: o empresário levanta cedo, dorme tarde e
tem diversos compromissos financeiros e uma responsabilidade tributária muita grande,
pois responde pela maior carga tributária da nação. Os milhões de
tributos, ao longo dos anos,
são colocados no cofre para quem administrar? Na maioria das vezes cai nas mãos
de incompetentes, que são cercados por corruptos que só pensam no bolso deles,
como temos visto todos os dias na televisão. Os pseudogestores não sabem o que
fazer com o dinheiro, não sabem cortar gastos e não sabem aplicar em projetos
que dão dividendos e beneficiem o povo. Certamente, usam bem os recursos para a
autopromoção na busca constante de suas eleições e reeleições, quando se perpetuam
no poder por décadas à custa dos micro, pequeno, médio e grande empresários, que
pagam seus impostos e levam o Brasil nas costas. Está na hora de mudarmos pra
valer os rumos de Brasília e do Brasil. E mais: o político não pode ter a
política como profissão e sim como missão! É o conselho
que eu dou para empresários brasilienses e brasileiros”,
concluiu o bem-sucedido gestor Cleber Pires.
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