Collor é candidato pra valer ao Palácio do Planalto |
Por: Walter Brito
Com
a eliminação da seleção brasileira de futebol nas quartas de final, quando
perdeu para a Bélgica por 2 x 1, todas as atenções do povo brasileiro se
voltaram para a sucessão presidencial. Nesse contexto, a grande imprensa e os
institutos de pesquisas renomados apresentam dados polêmicos, no afã de mostrar
ao eleitor quem tem mais possibilidades de vencer o pleito, num momento em que
o país atravessa a pior crise política e econômica de sua história e ainda o
nosso maior líder, Luiz Inácio Lula da Silva, amarga uma prisão que se arrasta
desde o dia 07/04/2018. A Datafolha publicou recentemente, e em destaque, informação
afirmando que entre os presidenciáveis, os mais rejeitados pelos eleitores são
Fernando Collor, Lula e Bolsonaro, com os seguintes percentuais
respectivamente: 39%, 36% e 32%.
Collor na tribuna do Senado |
Analisando
o trio de políticos, percebe-se que aqueles que têm rejeição alta, notadamente
são os mesmos que têm votos. À medida que se aproxima a eleição, a tendência
daqueles que têm votos é diminuir a rejeição. Vale lembrar que no mês de
janeiro de 2018, a Datafolha publicou que a rejeição de Fernando Collor era 44%
e a de Lula 40%. Como podemos observar, Collor melhorou sua performance junto
ao eleitorado brasileiro em 5%, enquanto que Lula tem a seu favor 4%. Por outro
lado, Bolsonaro tem praticamente a mesma rejeição que tinha anteriormente, ou
seja 32%. Fernando Collor venceu
diversas eleições, três meses antes do pleito, quando tinha alta rejeição.
O
mesmo ocorreu nas eleições de Lula e outras de Bolsonaro. Vale relembrar a
máxima do saudoso governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, que continua em
voga: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e
ela já mudou. ” Neste sentido, como as pré-candidaturas colocadas para
presidente do Brasil, principalmente as de centro, ainda não decolaram, tudo
pode acontecer!
Polêmicas
à parte, nesta terça-feira, 10/07, o ex-presidente Fernando Collor (PTC)
recebeu a reportagem do Diário da Manhã
em seu gabinete no Senado Federal, quando teceu comentários sobre ações de seus
dois anos e meio como condutor da principal cadeira do Palácio do Planalto. Ele
disse que ocorreu a abertura de mercado, oportunidade em que os brasileiros
passaram a transitar pelas ruas do país em automóveis de alta qualidade, bem
como a conviver efetivamente com o mundo da tecnologia. Afirmou também, e com
todas as letras, que não confiscou a poupança, fez o que era necessário. Ao
final, o ex-presidente disse que a prisão de Lula aconteceu de forma exagerada.
Veja a íntegra da entrevista.
Um nome a disposição do Brasil |
De
bate-pronto, perguntamos se sua candidatura é pra valer. O alagoano, como bom
nordestino que não nega fogo, foi direto ao assunto e argumentou: “Quando
resolvi colocar o meu nome para presidente do Brasil à disposição do povo
brasileiro, exatamente no dia 19 de janeiro, em Arapiraca-AL, assumi um compromisso
com os brasileiros e brasileiras de todos os rincões. Reafirmei esta posição em
pronunciamento ocorrido na tribuna do Senado no 15 de março. Naquela
oportunidade, fiz comentários sobre o meu período como presidente do Brasil,
entre os quais me referi ao relatório do Banco Mundial. Naquele documento está
claro que a população menos favorecida foi efetivamente mais beneficiada que os
ricos. Essa parcela importante de nosso país sabe que posso fazer muito mais,
depois de quase três décadas que fui presidente. Certamente conto com maior
experiência na vida pública e me considero preparado para enfrentar a enorme
crise pela qual passa a nação brasileira. Logo reafirmo ao Diário da Manhã, que disputarei a convenção de meu partido, o PTC,
pleiteando a vaga para concorrer à presidência da República,” disse Collor.
Indagamos
ao ex-presidente Collor sobre os efeitos de seu governo no Brasil de hoje. Sem
pestanejar, ele respondeu de pronto: “Quem não se lembra daqueles computadores
arcaicos na década de 80? A partir de nosso governo, notadamente passamos a ter
computadores e celulares de padrão internacional com a abertura de mercado que
fiz, quando nos foi permitido inserir o Brasil no processo de desenvolvimento
dos países desenvolvidos do mundo. A tecnologia de padrão internacional que
temos hoje é fruto de nosso trabalho árduo nos dois anos e meio que passamos
pela presidência da República. Quero ressaltar e relembrar aos brasileiros, de Norte
a Sul e de Leste a Oeste, sobre o meu projeto de erradicação do sarampo, quando
vacinamos 48 milhões de crianças em menos de uma semana, o que nos permitiu uma
cobertura vacinal de 99% da população infantil. O fato ocorreu em abril de 1992
e fizemos um investimento de 150 milhões de dólares”, arrematou o pré-candidato
do PTC ao Palácio do Planalto.
O
popular confisco da poupança, sem dúvidas, é um momento forte, sempre lembrado
pela população, especialmente pelas pessoas de 50 anos de idade ou mais. Por
isso perguntamos ao ex-presidente, como foi sequestrar a poupança do povo
brasileiro. Ele não tergiversou e argumentou de forma convicta: “Não ouve
confisco e nem sequestro do dinheiro do povo brasileiro. O propósito foi
diminuir a liquidez financeira naquele momento de instabilidade. Prova disso é
que no governo de meu sucessor, o Itamar Franco, o Plano Real foi implantado
com sucesso e, caso não tivéssemos tido a coragem de tomar aquela medida,
certamente o Plano Real não teria sido implantado da forma que foi feito e deu
certo! Vale lembrar que todos os brasileiros tiveram seus valores devolvidos em
12 parcelas e a correção monetária foi feita em melhores condições que as
oferecidas pelo sistema financeiro à época. Ressalto que a medida atingiu 10%
das contas de nosso povo, que recebeu o dinheiro de volta, conforme prometido
quando tomamos aquela medida necessária no momento de grande crise”, disse
Fernando Collor de Mello.
Collor na campanha de 1989 |
A
reportagem questionou o presidenciável nordestino sobre as reformas de que o
Brasil precisa para impulsionar seu desenvolvimento. Ele respondeu de forma
pensada e segura: “Não tenho dúvidas, pois é fundamental a reforma do Estado, a
reforma política e o pacto federativo. Estão aí inseridas outras reformas
prioritárias para o equilíbrio efetivo da Nação”, completou o ex-presidente do
Brasil.
Referente
à tomada do poder pelos militares, por meio do processo democrático, quando
militares de todos os estados se apresentam como candidatos, o ex-presidente
argumentou: “O Governo Militar cumpriu o seu papel naquele momento de
insegurança em nosso país. Entretanto, os militares têm o direito de pleitear
cargos eletivos em todos os níveis, pois faz parte do processo democrático.
Sempre tive um bom relacionamento com os militares de todas as patentes e de
todas as forças no Brasil e no exterior. Vale ressaltar que recentemente fiz
uma viagem para a Coreia do Norte, quando me encontrei com militares daquele
país. Fui como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e em uma
missão parlamentar, quando trocamos informações com objetivo de permitir
avanços de nosso país nesta área.” Arrematou.
Collor ao chegar à zona desmilitarizada nas fronteiras das Coreias e recepcionado por militares norte-coreanos |
Dissemos
ao ex-presidente que, embora adversário de Lula na campanha de 1989, quando
venceu a eleição para presidente, argumentamos que os dois têm afinidades,
inclusive já tiveram boas relações independentemente de partidos. Lembramos
ainda que ele foi apeado do poder por meio do impeachment, tal qual Dilma Rousseff,
aliada de Lula. Perguntamos como vai à relação dele com o PT, Lula e Dilma
Rousseff. Collor sorriu e foi direto ao assunto: “O Lula fez muito pelo Brasil
e já declarei isso por diversas vezes publicamente. A justiça é para todos e
tem que ser cumprida, mas entendo que houve excesso no caso da prisão do
ex-presidente brasileiro”, concluiu Fernando Collor.
Como
se vê, a candidatura de Fernando Collor de Mello é pra valer e ninguém tem
dúvidas de que Collor será aprovado na Convenção do Partido Trabalhista
Cristão-PTC, no final de julho. A legenda é presidida por Daniel Tourinho, seu
amigo e companheiro de diversas batalhas. Aliás, Tourinho era o presidente do
PRN, legenda pela qual Collor se elegeu presidente em 1989.
Acreditamos
que muitas águas ainda vão rolar por debaixo da ponte do Lago Paranoá até o dia
7 de outubro, quando 144 milhões de brasileiros estarão aptos a votar e
decidirem os nossos destinos. Segundo pesquisas, a abstenção e o voto nulo
ganharão de todos os presidenciáveis juntos. Na última eleição extemporânea,
ocorrida no Estado de Tocantins, 49% dos eleitores não votaram. Na eleição
extemporânea no Estado do Amazonas, no ano passado, o fato foi semelhante. Por
outro lado, tanto no Amazonas quanto no Tocantins, os governadores eleitos
representam tudo aquilo que os eleitores dizem não querer, mas elegeram,
respectivamente, Amazonino Mendes (PDT) e Mauro Carlesse (PHS). A renovação,
claro, foi empurrada com a barriga!
Candidatos
que têm recall de votos poderão levar
vantagem na eleição presidencial que se aproxima. Tanto Lula quanto Collor
poderão empolgar o Brasil novamente. Sabemos que as possibilidades de Lula ser
candidato são remotas! Também sabemos que Collor é bom orador e um excelente
debatedor. Esta poderá ser a vez de Collor enfrentar Bolsonaro no segundo
turno, pois o nordestino está preparado, e tudo indica que unirá muita gente ao
seu lado, inclusive religiosos de todas as tendências!
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