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O TRABALHADOR DA EDUCAÇÃO COMPLETA 80 ANOS: CRISTOVAM BUARQUE

A professora Gladys e o esposo Cristovam -  sempre juntos

Texto escrito pelo jornalista Walter Brito (61) 996624395

Ao completar 80 anos neste 20 de fevereiro de 2024, o professor Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque poderia dizer em alto e bom som que sua missão está cumprida, mas tudo indica que ele ainda não pendurou suas chuteiras! Professor, Escritor, Reitor da UnB, Senador por dois mandatos, Governador de Brasília, Ministro da Educação no primeiro governo do presidente Lula da Silva e candidato à Presidência da República em 2006, quando  discutiu a educação de qualidade para todos no Brasil, nunca defendido com tanta veemência por um presidenciável brasileiro. 

Lembrando que foi ele, Cristovam Buarque, o criador da Bolsa Escola (implantado nacionalmente como Bolsa Família no governo FHC), o Poupança Escola (implantado nacionalmente como Pé de Meia, recentemente no terceiro  governo Lula), e também criador da Mala do Livro, entre muitos outros projetos e ações que beneficiaram a educação em Brasília e no Brasil. O escritor Cristovam lançou dezenas  de livros que estão nas principais livrarias brasileiras e mundo afora. 

Na foto, da direita para a esquerda: o advogado Sebastião Fernando, este jornalista Walter Brito, o professor Cristovam Buarque, a dra Lilian Azevedo, presidente da associação nacional de procuradores municipais ( ANPM), dr. Vitor Silva, presidente da associação  de procuradores do Estado de Alagoas e Carol Dutra, assessora de comunicação da ANPM - Fotos: Edmildo Cirilo dos Santos

O humanista Cristovam é um defensor das grandes causas, é claro, a educação de qualidade igual para todos em primeiro lugar, ou seja: 'o filho do pobre estudando na mesma escola do filho do rico'. Ele defende também de forma inconteste e ao seu modo, a causa negra e a dos povos originários. Ensina o professor Cristovam que a revolução educacional brasileira poderá se dar por meio da comunidade negra brasileira e  suas lideranças. 

O pernambucano de Recife é autor do livro 'A Última Trincheira da Escravidão' - lançado pela  Editora  Universidade Zumbi dos Palmares em São Paulo. No dia 12 de dezembro de 2023, eu tive o prazer de almoçar no Restaurante do Senado na companhia do eterno senador Cristovam Buarque,  do orador de minha turma no curso de direito na UNIP/DF, o dr. Sebastião Fernando, cujo paraninfo de nossa formatura foi o próprio Cristovam. Nos deram o prazer de nos acompanhar naquele histórico almoço, a procuradora municipal de Salvador-BA, a dra. Lilian Azevedo, presidente da Associação Nacional de Procuradores Municipais (ANPM). Trata-se da primeira mulher negra a ocupar a referida posição nos 24 anos de sua existência. Portanto, foi um almoço com muita conversa e muitos aplausos recebidos pelo senador da educação que passou seis anos sem voltar àquele cenário no Senado da República, onde frequentou por 16 anos como senador pelo DF. 

Após o almoço, entrevistamos o ex-presidenciável e a primeira pergunta foi sobre a inserção do negro na educação de qualidade no Brasil. Sem tergiversar, ele respondeu de forma segura e professoral:  "Considerando que o Brasil nunca teve um estadista educacionista que dissesse de forma efetiva que o futuro, o progresso está na educação com a máxima qualidade, a mesma para todas e todos, creio firmemente que o lugar de onde poderá surgir uma revolução na educação é entre os líderes da comunidade negra brasileira com a participação do Movimento Negro, onde é destaque o Frei David. Ressalto que não é apenas querer ter mais negros nas universidades, isso também, mas querer que a escola no Brasil tenha a máxima qualidade e que não haja a menor diferença entre a escola de uma menina negra, um menino negro e para a menina e o menino branco. Não são admissíveis mais no Brasil desigualdades entre etnias. E mais, é preciso não haver desigualdades por renda. Nasceu no Brasil é brasileiro, sendo brasileiro, ou estrangeiro morando em nosso país, certamente vai ter acesso a uma escola de máxima qualidade para todos. 

Neste sentido eu sou favorável que a educação básica tem que ser federalizada. Oportunidade em que todos precisam  terminar a educação de base, ou seja, concluir o último ano do ensino médio, que é o segundo grau, como se chamou no passado. A partir do momento que tiverem todos concluído esta fase, obviamente estarão plenamente alfabetizados para o mundo moderno, que é falando e escrevendo um bom português e também falando pelo menos um idioma estrangeiro. Com o conhecimento das bases das ciências,  logo os alunos terão seus ofícios para trabalhar. A partir daí sendo capazes para continuar aprendendo, após o referido período escolar, todos alfabetizados para a contemporaneidade entre esses, certamente alguns vão desejar entrar na universidade. Desta forma, os referidos alunos vão ter condições plenas de competirem de igual para igual com os outros", concluiu Cristovam Buarque. Quanto à defesa dos povos originários, a luta de Cristovam Buarque vem de longe. 

 Cristovam Buarque e este jornalista Walter Brito na Universidade Zumbi dos Palmares, por ocasião do lançamento do livro de autoria do ex-Reitor da UnB

No dia 17 de janeiro de 2024, por exemplo, o professor Cristovam Buarque, ao lado da esposa Gladys Buarque, da deputada federal Erica Kokay (PT), da  professora  da UnB Lourdes Teodoro, psicanalista e ativista contra o racismo, do indígena Álvaro Tukano, do cientista político Carlos Michiles e muitos outros, participaram de ato de repúdio à pichação do memorial criado pelo artista plástico Siron Franco,  que homenageia o indígena Pataxó Galdino José dos Santos. 

Na foto, o engenheiro Hélio Araújo, Maria Maia e o Pai Aurélio de Planaltina -DF, o cientista político Carlos Michiles, a deputada federal Erica Kokay (PT/DF), este jornalista Walter Brito, o professor Cristovam Buarque,  o indígena Álvaro Tucano e o amigo Carlos, a indígena Patira Xucuru, a professora da UnB Lourdes Teodoro e a procuradora federal Lígia Nogueira

O evento aconteceu na Praça Índio Pataxó Galdino dos Santos, nas entre quadras 703/704 da Asa Sul - Brasília / DF, onde o indígena foi queimado vivo por cinco adolescentes brasilienses no dia 20 de abril de 1997. O cacique Pataxó Galdino faleceu duas horas depois. Foi um período em que Cristovam era o governador de Brasília. Durante o ato de repúdio e após o seu discurso, o próprio professor Cristovam ajudou a cobrir as pichações do memorial de autoria de Siron Franco, que participou do evento por meio de uma chamada de vídeo. 

Como se vê, aos 80 anos de idade, o homem da educação continua ativo, produzindo artigos, lançando livros e fazendo palestras onde é chamado no Brasil e no exterior. Cristovam é presença obrigatória entre os nomes citados no Brasil e em diversas partes do mundo como indivíduos que contribuíram e, no caso dele, continua a contribuir com a educação. Por isso citamos, para  avivar esta matéria, alguns nomes que orgulham a educação no Brasil e no Planeta Terra: Anísio Teixeira, Paulo Freire, Cristovam Buarque, Darcy Ribeiro, Leonel Brizola, Dorina Nowil, Malala Yousafsai, Milton Santos, Nelson Mandela,  Leopold Senghor, Piter Ducker, Josué de Castro, entre outros.

Desejamos ao professor Cristovam, nestes seus bem vividos 80 anos, muita energia para que ele possa continuar  orgulhando o Brasil por meio de sua luta aguerrida a favor da educação de qualidade para todos os brasileiros e todos os povos!

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