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SAUDADES DE FORMOSA -GO!

A Cachoeira do Itiquira tem 168 metros de altura, sendo uma das maiores quedas d'água acessíveis no Brasil

Texto escrito pelo jornalista Walter Brito

 Minha terra tem o Buraco das Araras, a encantadora Lagoa Feia, o Salto do Itiquira, o Poço Azul, a Cachoeira Véu de Noiva, o bairro do Abreu que amo tanto, a Praça Pedro Chaves, entre outros lugares aconchegantes exigidos pela vida moderna. Na referida Praça, localiza-se: o tradicional Hotel Imperatriz, onde fui engraxate, ao lado de meus amigos de infância, o Compadre Juarez Fernandes, e o Vi, irmão do Preto de Dorvalina, o craque da Varginha em nossa cidade maravilhosa. Lá na Praça, localiza-se também o cinema de meu tempo de criança e a Esquina da Sorte, residência da família Batista, onde nasceram Joesly e Wesley, gestores da JBS. Nesta manhã de Primavera em São Paulo-SP, 14/12/2025, levantei-me, tomei o meu café e refleti sobre os meus cinco anos na Paulicéia Desvairada de Mário de Andrade. Na minha reflexão observei que quando Gonçalves Dias publicou em 1857 no livro Primeiros Cantos, a eterna "Canção do Exílio", ocasião em que o mundo se comunicava por cartas, cuja correspondência de Portugal para o Brasil demorava meses para aqui chegar. 65 anos depois Mário de Andrade chamou São Paulo de " Paulicéia Desvairada, por meio do Título de sua coletânea de poemas lançados em 1922, o mesmo ano da Semana de Arte Moderna, período em que foi inaugurado o modernismo brasileiro. De repente lembrei-me com saudades de meus entes queridos, o que passei a escrever para eles e receber suas respostas de forma instantânea, por meio do Whatsapp. Comunicação bem diferente dos tempos dos dois personagens acima. Abaixo, a conversa com meus familiares que me aguardam para o Natal no bairro do Abreu Formosa-GO, no dia 23/12. Lembrando que Formosa, dista 80 km do Palácio do Planalto em Brasília-DF.

Na residência - Casa Amarela, no Grupo Escolar Americano do Brasil em 1965. Da esquerda para a direita (de pé), a mana Valquíria com o João, um amigo da família, a Creusa, Dejanira e Vespasiano. Agachados: Valdo, Vespasiano Filho, Vanderlei, Waldir, Wagner e Walter

Verdade, mana Creusa. Dona Deja sempre falava: Saúde, paz, amor e alegria! Deus na vida de todas e todos da família Gualberto! Em tempo: Dona Deja e seu Vespa foram os sábios do Abreu e de Formosa. Um dia a cidade vai reconhecer isso com maior relevância, MAKTUB! Lembro-me, de quando infante, que em todo final de tarde na Casa Amarela do Grupo Escolar Americano do Brasil, após dona Deja ter servido o lanche para centenas de crianças, inclusive para o nosso amigo de infância, o Compadre Juarez Fernandes, que ele próprio fala, em alto e bom som na Rádio Metrópoles do DF, ela ia cuidar da limpeza da famosa escola, e também muitas vezes, fazer serviços de office boy, para professoras e a diretoria do Grupo Escolar Americano do Brasil. No final de suas tardes, dona Deja, muitas vezes, se transformava em conselheira e pisicóloga de diversas professoras que desafogavam suas mágoas nos ombros da amiga fiel, a dona Deja! Por isso, moramos tantos anos na Casa Amarela, embora perseguidos, até que chegou o momento abençoado por Deus, em que Vespa construiu a casa do Abreu, que foi por muitos anos a melhor casa do bairro. Neste sentido, a filha de Coraci e Fião, tio do Bira; a super Zilda (lembrei-me do nome), ex de Pedro Gualberto do BB e Eli do Violão, mulher bonita e faceira, que residia num barracão de madeira, onde morou dona Donata e os filhos: Verim, Duca, Julinho, o craque Zé da Pena e outra irmã (a neta, lembrei-me!). Apesar dos três AVCs, a cabeça é muito boa, embora alguns digam o contrário. Coisas do ser humano, e vamos em frente e de cabeça erguida como dizia a dra.

A cidade de Formosa tem um percentual de 62% de católicos, representado um dos maiores índices proporcionais, entre as cidades do Entorno Brasília-DF. A Igreja Católica catedral de Formosa (foto), é um importante ponto turístico. A matriacarca da família Gualberto, a dona Deja, era católica fervorosa e devota de Nossa Senhora Aparecida

Dejanira Carvalho de Brito, nosso "Prêmio Nobel da Paz", não é mesmo, mana e querida Creusa Gualberto de Brito, que com muita determinação e amor ajudou a nos criar: WB, Vanderlei, Wagner, Vespasiano Filho, Valquíria, Valdo, Waldir e, ainda, tivemos a companhia agradável por alguns anos de Irani e Martinho. Ao lado de todos, Creusa contribuiu com nossos ensinamentos, a quem agradecemos sobremaneira. Foi ela quem nos moldou, pois dona Deja fazia o geral, mas no momento em que faltava tempo, a mana Creusa entrava em ação. Salve o cavalo que Deja montou rumo à pequenina Flores de Goiás para conhecer a sogra Francisca, então viúva do Coronel Rozendo Gualberto de Brito, ocasião em que a valente e destemida Deja trouxe consigo a mana e Santa Creusa, que ajudou a moldar os negrinhos de Deja, que hoje são exemplos para o Abreu, Formosa, toda a sociedade brasileira, e em especial para a AFRODECENDÊNCIA NACIONAL e, para diáspora africana no Planeta Terra.

Na foto, o odontólogo Waldir, concursado do GDF. Ele foi prefeito de Vila Boa-GO pelo PT, por dois mandatos - 2005/2012; Valdo, economista e advogado, aposentado como gerente do BRB; Valquíria, pedagoga, artista plástica, e professora aposentada no DF; Vespasiano, professor advogado e foi vereador por dois mandatos em Flores de Goiás; Wagner é produtor rural, formado em Gestão Pública e funcionário público aposentado da Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás. Ele foi vereador, vice-prefeito e prefeito de Flores de Goiás; Vanderlei, professor universitário, funcionário aposentado do IBGE, formado em Geografia, Relações Internacionais e Direito; Walter, ex-professor de matemática, jornalista, bacharél em Direito, ex-dirigente da Fundação Cultural em Brasília, à época - vinculada à Presidência da República; Creusa, professora aposentada.

 Obrigado por tudo, Creuzina, como dizia, vez ou outra, por meio de seu gesto de carinho, a Rainha Deja, filha de Benjamim Carvalho Maia e Maria de Beija. Voltando ao caso da bela do Abreu, a super Zilda. Esta, quando encontrava um namorado novo, que possuía automóvel (coisa rara à época) , a esperta pedia que o novo "affair", a deixasse em frente o lar dos Gualberto, como se seu fosse! Como sempre, Deja apenas sorriu, quando soube do caso da bela do Abreu, contado pela própria! Voltando aos causos da casa amarela, Deja nunca teve nenhuma discussão, seja com alunos ou corpo docente da tradicional escola formosense. Quando os filhos dos poderosos nos chamavam de "Neguinhos de Deja", ela ensinava que tínhamos que tirar notas melhores e, assim, superar os nossos ofensores. E mais, muitas foram as professoras que queriam separar dos esposos, e a sábia Dejanira, filha de Maria de Beija, não permitu, sempre com um bom conselho, ao seu estilo, que era preservar a família: "Como é que você vai criar o Roberto e suas filhas, sem o Nilson, minha querida amiga Iani Opa?", dizia a sábia do Americano e eterna Rainha do Abreu. Enquanto isso, lá na Alfaiataria Veste Bem, Vespa ouvia com paciência a grã-finagem da pacata Formosa, onde o futebol e a discussão política regional e nacional davam o tom. Em seu potente rádio de teclas brancas, cujo aparelho radiofônico era maior que uma TV da atualidade. Vespa o sintonizava muitas vezes às 6h da manhã na Rádio Nacional do Rio, quando ficava a par de todos os assuntos do Brasil e do mundo. Às 8h, quando chegavam seus oficiais: Valdivino, Esperidião, Batuta, Carapuça, Celinho (então menor aprendiz), Raminho, Zé Loléia e o Baiano, Vespa já tinha cortado o material para todos confeccionarem os ternos da vasta clientela: Formosa e região, além da clientela de Brasília-DF. Às 9 horas chegavam as calceiras: Sebastiana e sua irmã, que não me lembro do nome, Chata de Cadim, América e outra da Formosinha, que não me lembro também. Lembrei-me agora na revisão, a Geralda. Tratava-se de uma linda mulher, que euzinho admirava e a contemplava, como se fosse gente grande. Com o trabalho em mãos de cada funcionário, Vespa estava preparado para fazer relações públicas de seu atelier discutindo os assuntos do dia. O local de trabalho do ex-peão de boiadeiro de Flores de Goiás era conhecido por 'Alfaiataria Veste Bem', cujo slogan era: "A roupa faz o homem, e o homem faz a roupa". A partir das 10h até o meio-dia, eram travadas as maiores discussões sobre todos os temas, muitas vezes com as presenças do fazendeiro e deputado Durval Ferreira, Augusto Curado e seus filhos Nelson e Nilson Curado, o fazendeiro Manezinho Carimelo, Santo Campelo e Otílio Gualberto, que chegavam de Flores de Goiás, o alfaiate Benoni, que tinha sua própria alfaiataria, mas era frequentador assíduo do templo do Vespa. O João Matricária, torcedor do Santos e pelezista, Ari Ornelas e Zé Neto, Zé Rita, Zé Coqueiro, Congo de Ouro e Biriba, os vendedores de bilhetes de loteria: Buchecha, Antônio Elizeu e Geraldo Mentirinha, oriundos do magazine de seu Raimundo e dona Relva. Estes tinham uma filha lindíssima (minha musa daquele tempo) chamada Lúcia. Esta era amicíssima da Andiara, minha colega de turma no GAP, amiga e minha aluna de matemática, ocasião em que eu tinha apenas 14 anos. Ainda assim, eu professor particular de matemática de 10% de meus colegas de turma, e era o editor-chefe do Jornal Folha do GAP (Ginásio Arquidiocesano do Planalto). Entre meus colaboradores, o Bira, filho de Olímpio Padeiro e dona Quiu, vice-presidente, Lindamar, filha de Pedrinho Maciel (assessora e minha aluna), Ângela Barreto, assistente. Ney Moura Teles e Dom Victor Tielbeek: ambos articulistas do Jornal que balançava a classe estudantil de Formosa no meu tempo de adolescência. A minha revisora no jornal era a professora Jacira, esposa do eterno professor Clóvis. A professora Olíbia Albernaz era nossa principal incentivadora, ao lado de seu esposo à época, o professor Edson Spíndola, que rodava o jornal madrugada a dentro, no seu moderno mimeógrafo, trazido por ele dos EUA. Lembro-me ainda do Geraldo do Mercado, santista inveterado, frequentador do 'Quartel General' do mestre Vespa. O dentista e ex-prefeito de Formosa, o baiano Leônidas Magalhães, esposo de Leonice Magalhães, era um dos senhores da discussão política. O seu cunhado Sílvio Magalhães era a verdadeira sabedoria política e cultural daquele tempo que não volta mais. Sílvio, ainda hoje, é imitado pelo Tim-Tim, de Flores de Goiás, filho do centenário seu Lió, que foi vice do mano Wagner na prefeitura de Flores de Goiás, entre 1990 e 1993. 
Três personalidades de Formosa-GO: Natália Resende Andade Ávila ( foto), nasceu em Uberaba-MG, mas foi criada em Formosa-GO. Ela é Secretária do Meio Ambiente, Logística e Infraestrutura do Estado de São Paulo. Os irmãos Joesley e Wesley Batista nasceram em Formosa. Eles são os gestores da JBS, que está instalada em 20 países e tem 280 mil funcionários globalmente.

Também foi sempre presente na toca de seu Vespa o dr. Amim, o médico que era juiz de futebol, dr. Naby, pai dos gêmeos César e Augusto, dr. Eduardo Pereira Primo, pai de Rose, Gotardo, Guta e Guilherme, como também, o médico dr. Francisco, a loira Zélia, o Walter Saad, Gerson Cabeça Sêca, dr. Felix de Moura Teles, o mais famoso jurista no meu tempo de criança. Como também, Manoel Osório, dr. Severo, dr. Artur e seu sogro, o português seu Jacinto, vascaíno como o Vespa, euzinho, e o melhor prefeito de Flores de Goiás em todos os tempos, e o comerciante Zé Português. Lembro-me também por lá, o Dirceu Caolha (cunhado de Baixinho), dr. Sebastião Rezende (avô da doutora Matália Rezende, hoje secretária do Meio Ambiente, Logística e Infraestrutura do Estado de São Paulo), que ia na Veste Bem provar seus ternos, mas só falava sobre futebol, principalmente se o assunto fosse: 'as jogadas de Tio Luiz', de quem ele era fã incondicional. Na parte da tarde, Paulo Saad, contador da Veste Bem junto com Anésio (pai de Fabrício) eram presenças marcantes. Foi naquele período da história que o Anésio tornou- se contador do Zé Mineiro, frequentador da Veste Bem, ou seja: o fundador da JBS, hoje sob o comando dos filhos Joesley e Weley, nascidos na Esquina da Sorte em nossa Formosa abençoada. Já o Paulinho Saad, irmão da professora Cida Opa, só aparecia na parte vespertina no atelier do mestre Vespa, pois ele trabalhava à noite e dormia pela manhã. Saad era primo de Zezito e foi certamente o maior amigo de nosso genitor. Zezito, primo de Paulo Saad, foi o mais importante prefeito da história de Formosa. Este frequentava pouco o famoso Atelier, já o irmão Rachidinho passava sempre por lá. E mais, Joaquim Branco e os filhos Dirceu e Wagner. O Joaquim tinha o carrão da época, era também proprietário de uma chácara, que se localizava do outro lado da 'Lagoa Feia', onde hoje funciona o quartel do Exército. "O seu Joaquim Branco contava piadas sem graça, que só ele sorria", criticava Vespa. Em tempo, Paulinho Saad foi também o mais importante técnico de futebol de Formosa em todos os tempos e, ao lado do cunhado, o dr. Homero Sabino de Freitas, fundaram o hoje, Estádio Diogão. 
O Livro "Mémorias de uma família negra brasileira", que conta a história de Dejanira e Vespasiano, foi lançado em 10/10/2006, no Foyer do Teatro Nacional em Brasília-DF, quando compareceram mil pessoas. A obra é de autoria deste jornalista Walter Brito, tem o prefácio do poeta Antonio Victor e a apresentação do ex-presidente do Brasil José Sarney, membro da Academia Brasileira de Letras -ABL. O livro está na quarta edição e pode ser encontrado nas principais livrarias do país. A quinta edição será lançada na cidade de São Paulo em março de 2026.


Os playboys daquele tempo: João Balduíno de Magalhães, o cunhado Cairinho, Carlos Henrique Almeida, Leir, Raul Preto, Zeneto (irmão do poeta e escritor Antonio Victor), Alaor, filho de Lúdio Coelho, eram sempre presentes e clientes do Vespa e apareciam em qualquer dia e horário. Os boleiros de Formosa também apareciam na parte vespertina, tais como: os irmãos Joaz e Valim, seu Pedro, seu Galete do Hotel Imperatriz (o maior lateral esquerdo da cidade de Formosa em todos os tempos. E mais, Zé Salgado, Nego Dengoso, Demi, Leonir e Roque. Este driblador como Lamine Yamal, ou talvez melhor. O Roque era um dos poucos atletas que mandava fazer roupa fiado na Veste Bem. Vespa falava: “É malandro, demora a pagar, mas é craque, e o Formosa Esporte precisa dele”, arrematava o eterno cartola do Formosa Esporte Clube. Quando Roque demorava muito para cumprir seus compromissos financeiros na cidade, o Paulinho Saad pagava, o que ocoreu algumas vezes. Era ainda desta turma o Tuíca, o Nildo, o goleiro Edson de João barbeiro, o irmão e ex-vereador de Anápolis Nêgo, Neném Barreto e Itamar Barreto, bem como o seu pai, o competente eletricista Dedé. No final da tarde, aparecia por lá o Valdomiro, bom oficial de paletó, mas não gostava da profissão e sim da jogatina. Junto com ele chegavam o Baixinho e o irmão Abdias, Zezé Guimarães, filho de Nenenzão, e Zequita de Bebé, pai de Astério. Era a turma com a qual Vespa jogava pelo menos uma vez por semana no auge da Alfaiataria Veste bem. Nesse período da história da Cidade dos Couros, o atelier de Vespa tinha dois pavimentos: o superior era ocupado pelos oficiais. Por décadas Vespa conquistou a fina flor da sociedade de Formosa, construiu a casa do Abreu, teve 22 terrenos em Formosa e, como diz o dr. Waldir Gualberto de Brito: “Vespa foi um provedor exemplar de nossa família”.

Dejanira e Vespasiano viveram juntos por 57 anos e só se separam com o falecimento do alfaiate dos alfaiates 2008. Deja viveu com paz e alegria até os seus 93 anos. Desejamos um feliz Natal para os formosenses, goianos e brasileiros de todos os cantos!


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